No passado mês de Junho, concedemos uma entrevista a um jovem amigo criador, o Nuno Carvalho, que hoje com a sua autorização, reproduzimos.
Ao Nuno Carvalho, o nosso obrigado.
http://canariculturanunocarvalho.blogspot.com/
Ao Nuno Carvalho, o nosso obrigado.
http://canariculturanunocarvalho.blogspot.com/
"ENTREVISTA A GONÇALO FERREIRA (PAI E FILHO) - CRIADOR DE CANÁRIOS DE COR E PORTE Antes de mais queria-lhe agradecer á família Ferreira o facto de ter aceitado responder a este questionário, o objectivo é divulgar todo o trabalho no mundo da Canaricultura.
1. Para iniciar o que nos pode dizer acerca de si (Porta-voz da Família Ferreira)? (Breve apresentação).
R: Somos pai ( Ant. Ferreira e filho ( Gonçalo Ferreira ), temos o nosso canaril em Tondela / Viseu, e criamos canários desde 1982, quando o meu pai adquiriu o primeiro casal.
2. Por vezes não conseguimos explicar certas coisas, mas de onde vem este seu gosto por aves, neste caso canários? E o porquê de serem canários de Porte e cor?
R: Não consigo explicar, porque o mesmo funde-se com a minha existência. Em 1982 tinha somente 5 anos, pelo que, nas minhas recordações o canário esta sempre presente. Desde o inicio sempre foram canários de cor, só mais recentemente o Porte, desde 2006. Ambos, porque ambos tem desafios diferentes e muito aliciantes.
3. Que raças mais especificamente cria de momento?
R: Em Cor: Lipocromo Vermelho Mosaico e Isabel Vermelho Mosaico, em Porte Gloster Fancy e Arlequim Português.
4. Com quantos casais criou a época passada, e quantos está a criar na Presente época?
R: 32 casais.
5. Segundo o que escreve no seu blog, tem um gosto especial pelos Gloster Fancy ..O que lhe cativa mais nessa raça?
1. Para iniciar o que nos pode dizer acerca de si (Porta-voz da Família Ferreira)? (Breve apresentação).
R: Somos pai ( Ant. Ferreira e filho ( Gonçalo Ferreira ), temos o nosso canaril em Tondela / Viseu, e criamos canários desde 1982, quando o meu pai adquiriu o primeiro casal.
2. Por vezes não conseguimos explicar certas coisas, mas de onde vem este seu gosto por aves, neste caso canários? E o porquê de serem canários de Porte e cor?
R: Não consigo explicar, porque o mesmo funde-se com a minha existência. Em 1982 tinha somente 5 anos, pelo que, nas minhas recordações o canário esta sempre presente. Desde o inicio sempre foram canários de cor, só mais recentemente o Porte, desde 2006. Ambos, porque ambos tem desafios diferentes e muito aliciantes.
3. Que raças mais especificamente cria de momento?
R: Em Cor: Lipocromo Vermelho Mosaico e Isabel Vermelho Mosaico, em Porte Gloster Fancy e Arlequim Português.
4. Com quantos casais criou a época passada, e quantos está a criar na Presente época?
R: 32 casais.
5. Segundo o que escreve no seu blog, tem um gosto especial pelos Gloster Fancy ..O que lhe cativa mais nessa raça?
R:O Gloster Fancy tem um espaço muito especial efetivamente. O grande entusiasta do Gloster Fancy foi o meu pai, que já tinha desde há uns anos um gosto particular pela raça. Sempre olhei mais para raças de Cor descurando as raças de Porte, mas este gosto, este prazer do meu pai, contagiou-me com os anos. Após adquirirmos os primeiros casais, conhecermos alguns criadores (alguns dos melhores em Portugal), compreendemos o “mundo” dos Glosters, a raça, a criação, a forma de estar, as exposições que são um exemplo (nomeadamente aquelas realizadas como no IGBA): Fiquei igualmente um entusiasta da raça e deste “mundo.” Como o Gloster Fancy já existe há muito, muito tempo, a sua evolução como raça e organização podem e devem ser um exemplo para outras. O Porte tem este prazer diferente, singular e mais intenso, da forma, da postura, do tamanho, não melhor ou pior do que em Cor, somente, diferente.
6. Um dos grandes momentos do Campeonato Matosinhos 2010 foi a aprovação final e definitiva do canário Arlequim Português. Sei que tem uma opinião muito formalizada a cerca deste assunto. Para si o que terá/devia mudar, e o que está a dar-lhe mais prazer fazer com esta raça?
R: Duas notas de rodapé antes de responder Nuno.
Primeira Nota: a minha opinião sobre o Arlequim Português já não é de agora (2010), mas já desde 2006, quando começamos a criar Arlequim Português. Por uma questão principio e para de não criar confusão, duvidas, “ruído de informação”, “dificuldades de comunicação”, entre os criadores, não a manifestei em publico, somente em círculos mais fechados e de amigos. Sempre pensei ser necessário que todos estivessem focados na aprovação da raça com o Standard que existe, e que tinha sido nessa data alterado recentemente para fazer evoluir o canário, abandonando ideias que se verificaram não ter a melhor aplicabilidade e impossibilitavam a aprovação da raça.
Segunda Nota: esta é a minha opinião, a minha opinião, e pretendo com ela deixar um contributo para que se abra uma discussão educada, com elevação, com respeito pela opinião individual de cada um, sobre o Arlequim Português e o seu futuro, agora que aprovado. Porque depois de cada aprovação, o Standard tem de estar inalterado durante 5 anos. Este é o tempo que temos para discutir e propor eventualmente alguma alteração. Tento sustentar a minha opinião com os argumentos tangíveis, quer por observação, quer por comparação, quer de forma científica, quer por convicção.
Agora a minha resposta:
Primeira parte da questão - O Arlequim começou de forma diferente do que é hoje, fruto das alterações introduzidas no Standard. Entre outras, passou de um Canário de Cor para ser um Canário de Porte, de ter a obrigação de ter Seis Cores para Multicolor, de 14 cm para 16 cm, etc. Manteve no entanto outras, como o de ser um Canário Equilibradamente Variegado, etc.
É no ponto do “Canário Equilibradamente Variegado” que não concordo. Apesar de respeitar o que existe, de ter a capacidade de me adaptar ao Standard, posso discordar, posso e devo com sentido de dever manifestar a minha opinião, o meu ponto de vista e de lutar por aquilo que penso ser um melhor para o futuro da raça, mesmo que nunca se venha a verificar.
Existem várias raças de porte homologadas, algumas com dezenas de anos de homologação, que aceitam canários Lipocromos, Melanicos e Variegados em simultâneo. Por exemplo os Fafe Fancy, os Gloster Fancy, os Irish Fancy, entre outros, e nestes nunca foi possível fixar a melanina no lipocromo ou vice-versa. Os resultados da mistura de lipocromo com a melanina são imprevisíveis, e de um cruzamento de aves com estas carateristicas em simultâneo, nasce de tudo, entenda-se, Canários Variegados “Equilibrado” ( onde o lipocromo e a melanina ocupam de forma equilibrada as penas da ave ), nascem Canários Variegados Negro ( onde as melaninas tem uma predominância sobre o lipocromo ) e Canários Variegados Claro ( onde o lipocromo tem uma predominância sobre a melanina ). Nasce de tudo, e todos são aceites.
No Arlequim Português, nasce igualmente de tudo, é uma questão genética, mas só são considerados os que nascem “Equilibradamente Variegados”, que representam sensivelmente 25% a 30% dos descendentes, ou seja, só estes conforme o Standard podem ser presentes a concurso, devem ser considerados, e os outros “lixo”!? Só servem para reprodutores!? Para criarem Variegados!?
Esta restrição, esta limitação é possível, como é possível (hipoteticamente) num futuro só os Gloster Fancy Canela possam ser presentes a concurso, basta alterar o Standard. Mas faz sentido? Faz sentido criar uma raça onde só tão poucos podem ser considerados?
O que perspectivo num futuro próximo, é a “queda” no Standard do “Equilibradamente Variegado”, para passar a ser somente Variegado, onde toda a descendência possa ser um potencial candidato a estar num concurso, como nas raças que referi, sem exclusões.
Existem muitos, nos excluídos Variegados Negros e Variegados Claros, que em Porte, Postura e Tamanho, são melhores, alguns muito melhores que muitos campeões dos Equilibradamente Variegados!
Depois temos dois caminhos, o primeiro onde todos concorrem com todos, são variegados, ou o segundo, o que defendo, a criação de classes por variegado como acontece nos Gloster Fancy (usando a classificação por % de lipocromo ou melaninas), os Variegados Equilibrados com os Variegados Equilibrados, os Variegados Negros com os Variegados Negros e os Variegados Claros com os Variegados Claros.
Para além de pensar que todos são Arlequim Português, têm de o ser na prática, no Standard, não só na teoria!
Depois existe esta enorme contradição, nos Concursos e no Mundial isso também aconteceu, para além dos ditos “Equilibradamente Variegados” aparecem os Variegados Negros e os Variegados Claros. Se já aparecem, é só uma questão de bom senso e alterar.
E temos ainda outra, O que é um “Equilibradamente Variegado”??? *** Ver mais no Fim
Um Canário simétrico (a direita refletida na esquerda e obtém-se um equilíbrio?)
Um Canário onde as melaninas e o lipocromo estão “espalhados” na ave nas mesma proporções???
Ou ainda, para além de estarem “espalhadas” nas mesmas proporções tem de ser de forma simétrica???
É uma enorme ambiguidade o Standard do Canário neste ponto, que pode acabar de forma simples, com esta igualmente simples alteração.
E verifique-se, sempre a falar na cor, e mais cor, e cor, e mais cor, num Canário de Porte! Isto deve-se ao fato de ter sido apresentado como um canário de Cor, onde o Variegado Equilibrado tinha uma importância enorme e continua a ter.
Continua a ter, porque ficamos reféns da sorte para saber com que cor vai nascer um Canário de Porte, para sabermos se eventualmente podemos ou não levar um exemplar a concurso...
Não devemos confundir um Arlequim Português Ideal, que deve ser a nossa utopia, porque é aqui que atingem o seu máximo esplendor em beleza de cor, como o fato de terem de ser todos assim, quando geneticamente não é possível.
Imagina uma exposição, onde todos os Arlequim Português possam estar presentes, onde o Porte, a Postura, o Tamanho ganhem a dimensão que têm de ter, sem prejuízo pela Cor.
Tenho para comigo e não estou errado, que um Arlequim Português só pode ser distinguido de um Vulgo “Pinto”, de um Vulgo “Malhado”, pelo Porte, pela Postura, pelo Tamanho, nunca pela Cor!
Quando isso acontecer, todos vão estar fixados nestas três caraterísticas que referi e a Cor será uma consequência do que é imprevisível. Será possível então, observar um crescimento rápido e sustentado da raça. É a minha opinião, é a minha convicção.
Uma outra alteração, seria a inclusão de um tamanho mínimo obrigatório, de 15 cm para as aves em concurso e abaixo disso seriam desclassificadas ou não julgadas.
Segunda parte da questão - O maior prazer é desenvolver a raça pelo Porte, pela Postura e pelo Tamanho. Quando fazemos os nossos casais, é a pensar nisto, e só nisto, nunca na Cor. Essa, o que vier é ganho, porque é imprevisível!
Eu para ter um “malhado” não preciso de ter Arlequim Português, basta juntar um Lipocromo a um Melanico e lá nascem um conjunto de pintos malhados, fácil!
O prazer é de ano para ano ter um plantel cada vez mais equilibrado nestes pontos (Porte, Postura e Tamanho), e saber que em breve, toda a descendência terá estas caraterísticas.
7. Agora fugindo um pouco ao assunto, e nos focalizarmos nas criações.
Para si, qual será o momento ideal para juntar os casais? Devemos apressar-nos ou esperar por temperaturas, ditas ideais, que ajudem os progenitores na árdua tarefa da criação?
R: Vários fatores. Se temos um plantel composto por aves que podem criar a partir de um determinado momento no tempo, por exemplo, em Janeiro e desde que o nosso canaril reúna as condições necessárias, como Luz, Temperatura, Humidade, etc, podemos começar. É somente uma questão de opção. Alguns destes fatores poder ser influenciados pela zona do pais onde temos as nossas aves, pela simples opção de gerirmos as nossas criações, etc. Acima de tudo, desde que reunidas as condições “mínimas” e com possibilidade de manutenção exigidas para criação.
8. Uma das coisas que me fascinou foi o enorme sucesso das suas criações.. Conseguindo com apenas 3 posturas em alguns casais cercas de 10 ou 11 crias.. Esse sucesso deve-se a uma boa preparação para a reprodução?
R: Tenho por habito fazer a seguinte comparação: os canários são como as pessoas, existem pessoas mais tímidas e outras mais extrovertidas, umas mais empenhadas outras menos, umas que inovam e com visão de futuro outras “paradas no tempo”, etc. Temos de saber entender cada canário como um indivíduo e potenciar o que de melhor ele tem. Nem sempre é possível porque não conseguimos analisar todas as variáveis, mas se o potencial existe, devemos ajudar a desenvolve-lo. Alguns desses fatores podemos controlar: como a alimentação e as vitaminas entre outros, onde a escolha depende de nós e a forma como os facultamos as nossas aves. Os casais que escolhemos para cruzar (devemos observar os comportamentos antes e durante a criação) para entendermos se é melhor fazer algum ajuste, como retirar ou substituir o macho, entre outros. Podemos retirar os ovos e potenciar um nascimento em simultâneo dos filhotes, prevenido que algum possa ficar para trás, etc.,.
9. Escolhe os seus reprodutores baseando-se no fenótipo ou genótipo?
R: Excelente questão, uma observável outra não. Acima de tudo, quando não são meus, confiar na linhagem do criador, que o que observamos possa ser o património genético que procuramos, porque na nossa linhagem temos a capacidade de efetuar essa análise em simultâneo.
10. Agora falando do alojamento das nossas aves:
As suas baterias de criação e voadeiras têm que dimensões?
R: As de criação e por casal, cumprimento 51 cm, altura 35 cm, profundidade 40 cm. As voadeiras, cumprimento, altura e profundidade 90 cm, mas como são em módulos de 2, podem ter de cumprimento 1 m e 80 cm.
11. Concorda que um canaril com condições é grande passo para o sucesso das criações e exposições?
R: Pode ajudar, pode potenciar, pode muito, mas não é só por ai. Conheço grandes campeões, grandes porque repetem ano após ano prémios de relevo, onde o canaril não é o espaço que todos imaginamos, mas o possível, e o sucesso continua presente. O ideal quando possível, é fazer evoluir o canaril, como fazemos evoluir o nosso plantel.
12. Como aconselha o alojamento dos canários? Interior ou exterior? Porquê?
R: Uma questão acima de tudo de possibilidades. Se possível em interior, porque podemos “controlar” melhor um conjunto de variáveis e proporcionar as aves melhores condições de bem-estar e criação.
13. Como é que se prepara para uma exposição? Com quanto tempo se começa a preparar, isolando aves etc..?
R: No momento em que passam para a voadeira. Começamos a observação; facultamos uma gaiola de exposição que é colocada com ligação direta á voadeira para que a possam frequentar quando desejarem. Mas essencialmente, a partir de meados de Setembro, quando já escolhemos os potenciais participantes e começam a estar alguns períodos nas gaiolas de exposição, e depois com especial incidência na semana que antecede a exposição. Também já tivemos casos, em que passaram diretamente da voadeira para a gaiola de exposição e com resultados iguais aos que já as frequentavam. Muito da adaptação à gaiola depende igualmente do temperamento da ave.
14. O que considera, acima de tudo mais importante neste hobby?
R: Os conhecimentos humanos que vamos fazendo ao longo dos anos e as amizades que vamos construindo. Para além do gosto, do prazer que a criação nos proporciona, do gosto próprio de conquistar prémios como forma de reconhecimento dos sacrifícios e do trabalho que desenvolvemos, são as pessoas. Quando as reencontramos nas exposições, nos convívios proporcionados pelos clubes, nos seus espaços de criação e com os anos, nas suas e na nossa casa, como amigos. É aqui, que as partilhas dos sucessos e das dificuldades acontecem verdadeiramente, com os amigos, esse é sem duvida o melhor de tudo, o mais importante.
15. Todos nos temos algum hábito que não abdicamos na ornitologia, por vezes esse hábito nem tem uma influência directa no sucesso das nossas aves, mas não abdicamos dele de maneira alguma. Possui algum hábito que não abdique realmente?
R: Sim, o de observar o comportamento da aves. Como já referi, as aves são como as pessoas e alguns comportamentos são um padrão e indicadores do que pode acontecer. Na grande maioria das vezes acontece. Perceber o comportamento das aves permite-nos antecipar problemas, evitando-os ou potenciar qualidades inatas, essencialmente de criação.
16. Falando agora no ramo da alimentação e tratamentos:
Que tipo de mistura usa? Só alpista ou uma mistura preparada de acordo com as necessidades e época dos seus canários?
R: Versele laga que vario em função da época ou de um objetivo individual de cada ave num determinado momento.
17. Fornece germinado as suas aves? Sempre ou só na criação?
R: Não, nunca. Já usei, mas desde 2007 que uso outros como alternativa. Foi uma questão de opção, porque o germinado funciona igualmente muito bem.
18. Que tratamento considera fundamental fazer todos os anos?
R: Questão complexa! Essencialmente prevenção. Proporcionar uma excelente higiene é de extrema importância, porque evitamos muitos problemazitos que podem mais tarde serem grandes problemas. A gota nas aves para evitar ácaros ou piolho sempre. Uma boa prevenção contra as salmonelas e fungos, que podem aparecer facilmente se não tivermos alguns cuidados.
19. Que suplementos considera fundamentais? Adicionados a papa ou agua?
R: Usamos nas papas por opção, por ser mais fácil gerir desta forma. Não dispensamos aqueles que ajudam na digestão e na regulação da flora do aparelho digestivo, permitindo à ave obter o equilíbrio necessário.
20. No meu ponto de vista o registo do plantel é um passo para o sucesso da evolução dos descendentes.
Que tem a dizer a cerca do registo do plantel desde o nascimento aos concursos?
R: Importante, muito importante. Numa outra questão, falas do fenótipo ou genótipo. Quando referi que na nossa linhagem temos a capacidade de efetuar a análise em simultâneo, é porque usamos e não abdicamos dos registos. Esta é sem duvida uma feramente incontrolável na gestão do plantel, na “construção” dos casais, mais que nos concursos.
21. Muita gente critica a qualidade das aves Portuguesas.. Mas depois destes últimos resultados no Mundial penso que muitas mentes já mudaram.
Como classifica a ornitologia em Portugal?
R: Vamos criar uma escala para nos situarmos melhor. Vamos usar de 0 a 20, penso que estamos com um 15. Porque? Se comparamos com o Mundial de 2001 realizado igualmente em Portugal, com este de 2010, o salto foi brutal, muito grande. Em muito contribui o acesso rápido e fácil à informação, a facilidade de irmos a outros países adquirir aves diretamente. No entanto há coisas que não mudam com a mesma velocidade, só porque temos Internet ou voos low cost, ou facilidade para isto ou aquilo. Há coisas que são estruturais na nossa cultura, do nosso país e aqui, ainda falta por contra ponto, muito. Estamos desequilibrados. Evoluímos nas aves, mas nas estruturas e nas mentalidades estamos ainda aquém deste salto. Quando conseguirmos esse equilíbrio, (dou um exemplo: a realização dos Campeonatos Internacionais, que é para nós o futuro daquilo que se procura num Campeonato Ornitológico), vamos estar ao mais alto nível, talvez com uma classificação de 18+). A Competitividade, a qualidade dos Campeonatos tem depois este reflexo positivo na Qualidade das aves.
22. Recentemente legalizaram em Portugal a Fauna Europeia, apesar da família Ferreira não criar Fauna, deve ter uma opinião formalizada á cerca deste assunto.. Concorda com esta nova legislação? Gostaria de ser criador se algumas coisas mudassem?
R: Se um dia, as coisas forem a sério e não só para entreter, vamos de certeza criar. Entretidos andamos todos com muitas coisitas neste Portugal, e esta é mais uma para entreter. Foi um passo, uma vitória, mas pequena e associada ao Mundial. Devemos ter um objetivo, depois traçar um rumo para o alcançar e promover acções que permitam esse sucesso. Num futuro curto, devemos ter uma legislação como a que existe em Espanha, onde existe toda uma cultura que envolve a criação de Fauna Silvestre, e ai sim, podemos falar doutra forma.
23. Qual o seu principal objectivo na Ornitologia em geral?
R:O grande objetivo, mesmo que árduo, será ser campeão do mundo nas raças que crio, por ser o patamar maior que podemos alcançar em concurso. O grande prazer é outro. Ter a sorte de me deparar com uma nova mutação, conseguir fixa-la e apresentar uma nova raça.
24. Após ter dado este enorme contributo, coloco-lhe uma última questão:
Qual é a regra de ouro para quem se inicia neste hobby?
R: Uma regra dividida em três partes:
Primeira - Sorte - Sorte com os criadores onde compram as primeiras aves. Serão destes que vão ter os primeiros conselhos, as primeiras orientações, ou não.
Segunda - Capacidade de dizer Não - Se não gostam do feedback que estão a ter, das aves que vêm, se duvidas existem, não comprem! Agradeçam a disponibilidade e voltem para casa, porque não existe obrigação de comprar. Por vezes quem comprar é que sente assim e depois do erro cometido, nada a fazer.
Terceira: Paciência e Persistência - o caminho é cansativo, por vezes duro, mas o retorno muito gratificante. “O caminho faz-se caminhando”
Agradeço novamente este enorme contributo e desejo-lhe muita sorte para as exposições.. Boa sorte..
Entrevistador: Nuno Carvalho
Entrevistado: Gonçalo Ferreira
Fotografia: Gonçalo Ferreira
Cumprimentos,
Nuno Carvalho
***Este Variegado Equilibrado, deve ser resultado da mescla de 50% de Lipocromo e 50% de melaninas equilibradamente dispersos pelo corpo do Canário, independentemente da cor das melaninas ( preto, castanho, etc, ( com ou sem mutação - opala, ágata, canela, etc.)) ou do lipocromo ( branco giz ou vermelho ) visto ser o Arlequim Português um canário de Fator Vermelho com coloração artificial obrigatória.
Um abraço e obrigado
Gonçalo Ferreira
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