CAMPEÃO NACIONAL de Arlequim Português

Espaço dedicado ao Canário Arlequim Português, desde as nossas Criações, ás Exposições e ao Futuro desta jovem Raça.

Telemóvel: 968 094 048 / e-mail: goncaloferreira.canarios@gmail.com

dezembro 26, 2009

Standard




Corpo (forma, Peito, Asas - 20

Corpo alongado, esguio e harmonioso.
Peito ligeira e uniformemente arredondado.
Dorso recto, na mesma linha da cauda.
Asas longas, bem aderentes ao corpo e sem se cruzarem, nem descaírem, terminando unidas sobre a raiz da cauda.

Poupa, Cabeça, Pescoço - 15

Poupa (no Arlequim Poupa) – Em forma de tricórnio (2 ângulos atrás e 1 virtual à frente) irradiando de um ponto central no cimo da calota, e descaindo aderente e simetricamente, sem cobrir olhos e bico.

Cabeça (no Arlequim Par) – Cabeça estreita, alongada. Vista de cima em forma de U, estreitando o crânio no sentido do bico.

Bico – Forte e proporcionado.
Olhos – Vivos e bem visíveis
Pescoço – Bem delineado e harmonioso, destacando claramente a cabeça do corpo.

Cor - 15

Multicolor variegada com a presença de factor vermelho mosaico.

Distribuições melânica e lipocrómica proporcionadas e nítidas de modo a conferir homogeneidade e equilíbrio entre as diferentes cores.

Coloração artificial obrigatória.

Tamanho - 10

16 cms com proporções perfeitas.

Plumagem - 10

Lisa, compacta, sedosa, brilhante e bem aderente ao corpo.

Posição, Movimento - 10

Posição erguida (55°) e altiva. Corpo bem elevado e cabeça levantada.
Ave alegre com movimento ágil.

Patas - 10

Fortes, longas e ligeiramente flectidas, preferencialmente variegadas. Coxas bem visíveis.

Cauda - 5

Longa, estreita e ligeiramente bifurcada na extremidade, preferencialmente variegada.

Condição Geral - 5

Saúde e higiene perfeitas. Vivacidade e boa adaptação à gaiola de exposição.

Origem da Raça



"O actual canário Arlequim Português é o resultado do melhoramento por selecção dos antigos canários variegados, que desde há muitas décadas são criados e comercializados em Portugal.

O canário silvestre ancestral, espécie indígena dos arquipélagos portugueses da Madeira e dos Açores, foi desde o século XV trazido para Portugal continental em grandes quantidades, inicialmente destinados às casas nobres e posteriormente divulgados e criados por artesãos e camponeses.

Antes da fixação, por selecção, das actuais variedades totalmente lipocrómicas existiu uma mutação que, inibindo a melanina parcialmente em certas zonas do corpo (acianismo parcial), conduziu ao aparecimento dos primeiros canários variegados.

Os antigos canários malhados, resultantes desta mutação original, coexistiram desde sempre em Portugal com as actuais variedades homologadas, sendo criados por muitos aficionados devido às suas características de grande beleza e rusticidade.

A rusticidade deste canário, motivada pela grande variabilidade genética, é aliás uma das características que o tornam tão popular.

Mais recentemente apareceram alguns exemplares com factor vermelho e de poupa o que levou os criadores destes populares canários variegados a procederem à fixação do factor poupa, criando assim a base fenótipica de uma nova variedade de porte.

A criação selectiva entretanto efectuada, por iniciativa do Prof. Armando Moreno e de um grupo restrito de criadores, sobretudo a partir da década de 80, veio a tornar este canário mais longo, esguio e de cabeça mais estreita, mantendo a original poupa em tricórnio e a cor variegada com factor vermelho mosaico, destacando-se claramente do vulgar canário de cor, características que marcam actualmente o Arlequim Português.

O standard da raça, entretanto definido pelos seus promotores, veio a contribuir para a evolução no sentido da uniformização e fixação genética das várias características."

Fonte: Paulo Pereira

Quem Somos


Somos o Gonçalo Ferreira (filho) e o António Ferreira (pai).

O meu pai começou a criar canários em 1982, e a minha ligação aos mesmos remonta esse ano.

Na altura, com as naturais dificuldades devido à enorme ausência de informação, era a paixão que comandava e o auto-conhecimento pela observação e troca de conhecimentos através das experiências, um bem maior.

Logo nessa altura tornou-se sócio do Clube Ornitológico de Porto, e passou a assinar também a Revista Ornitológica, adquirindo assim outros conhecimentos, de base genética e das diferentes raças, muitas certo, que ainda não existiam em Portugal.

Comprou também, um conjunto de livros sobre Canaricultura que ainda hoje guardamos de recordação, junto de outras edições de novos livros que foram saindo ao longo dos anos.

Naturalmente, nesse inicio, o agora consagrado Canário Arlequim Português, vivia na nosso “canaril”, numa altura em que alguns começavam a ficar despertos para as suas caraterísticas. Volvidos mais de 20 anos e quase 30, no Mundial de Portugal em 2010 o nosso antigo e natural residente, foi Reconhecido Internacionalmente.

Para além destes então “ pintos “, tinhamos casais de Lipocromo Vermelho Mosaico, Lipocromo Amarelo, e Ágatas, que na altura comprou numa descolação intencional á Cidade do Porto. Pelo meio, também uma experiência com Lipocromos Vermelhos Marfins, na altura vulgarmente conhecidos por “Rosa Marfim”.

E eu, no meio disto tudo quando começou tinha 5 anos. Estava maravilhado, apaixonado e muito, muito interessado.

Recordo que com 11 anos, em 1988 e depois de 4 anos a observar, a aprender, ganhei o “direito” a opinar: na constituição do Plantel, na formação dos Casais, no preço das aves. Comecei então a visitar outros criadores com o meu pai, quer para troca de conhecimentos, quer para aquisição de aves.

Em 1996, interrompemos 13 anos consecutivos de criações.

Chegará o momento de “partir” para outra aventura, a do Ensino Superior no Politécnico de Beja, na ESAB, no Curso de Engenharia Agro-Pecuária.

Os Canários ficavam para trás, mas nunca esquecidos ou ausentes. Sempre que possível, visitava amigos que continuavam a criar e exposições, mantendo-me atualizado.

Em 2004, a saudade, a vontade, a paixão falou mais alto, porque não se me mata o que não pode morrer…

Adquirimos 8 casais e assim voltamos ao convívio diário com a ave maravilhosa, que é o Canário.

Participamos nas nossas primeiras exposições em 2008, alcançando diversos prémios.

Um olhar sereno


"A internacionalização do canário Arlequim Português levou a que as encomendas que a cada ano são feitas aos nossos criadores por ingleses, italianos, brasileiros, franceses, belgas se elevem a dezenas de casais.

Nem sempre é possível dar resposta a esta grande solicitação enquanto os criadores portugueses não se decidirem pela sua criação em quantidade, aliada, claro está, à qualidade.

Todos conhecemos os grandes criadores de outras raças, entre nós. Glosteres, Yorks, Crestes, Frisados dão aos seus criadores bons lucros e, na sua maioria estes criadores não aderiram ao projecto do Arlequim Português.

Sabemos que os criadores mais destacados visam o lucro económico, sem o que a criação não é possível já que a alimentação e demais gastos são elevados.

Passarão, no fim da vida, sem outro lucro do que ganharem meia dúzia de tostões, ano após ano.

É pena porque constituem uma fatia importante de criadores portugueses que teimam em não querer ver que o Arlequim Português é uma realidade, que só um cego não quer ver.

As dificuldades na criação destes canários terminaram.

Hoje, só não dispõe de bons Arlequins quem não respeitar, nas suas selecções, as características da raça ou não souber proceder aos acasalamentos.

Um dos defeitos que tenho visto é a criação de exemplares não mosaico.

Uma ave sem branco, portanto sem mosaico, não é um Arlequim.

Como acontece com todas as raças de canários, cada criador tem de dar origem a uma linha de criação.

Quem estiver sempre à espera de comprar novos exemplares e não orientar o seu canaril de modo a dispor dos seus próprios reprodutores está condenado ao fracasso.

Isto passa-se com os canários de canto Harz como com os Glosteres ou os Yorks.

Em relação ao Arlequim, cada criador deve já dispor de uma selecção de reprodutores que lhe permita expor animais de boa estampa.

É aceitável que existam criadores em que a sua linha se encontre mais adiantada, mais seleccionada.

É por este motivo que alguns criadores ainda tiram uma percentagem de todos claros e todos escuros mais elevada que outros.

Isto porque, como temos escrito e divulgado, estas aves não devem ser utilizadas para reprodução.

Os reprodutores devem sempre ser escolhidos entre aves mescladas. De outro modo, o criador volta sempre ao princípio.

No que me diz respeito, posso afirmar que já obtenho uma muito baixa percentagem de aves totalmente claras ou escuras, isto porque há muito tempo não as uso para reprodução.

A necessidade de cada criador desenvolver a sua linha de criação é mal entendida entre nós, País que ganhou o hábito de, a cada ano, ir comprar aves ao estrangeiro o que significa que não somos capazes de manter as características de cada raça.

São tristemente famosos os portugueses como compradores de aves no estrangeiro, do que os criadores dos vários países, nomeadamente de Itália, tiram bom proveito. Felizmente que esta tendência está a ser modificada.

O grande perigo desta situação é que, a breve trecho, passarão os criadores portugueses a ter de comprar Arlequins em Inglaterra ou na Bélgica.

Nunca é demais repetir que a selecção e acasalamento tem de ter em linha de conta o standard da raça.

A atracção que estes canários exercem deve-se a vários factores entre os quais se destaca a sua rusticidade e facilidade de criação (são pais excelentes), a sonoridade do seu belo canto e a vontade constante de cantar, a sua vivacidade saltando de poleiro em poleiro além, claro está, da sua elegância e beleza de cores.

Podemos dizer que não é possível apontar qualquer defeito a este canário.

Não pode esquecer-se que é a raça mais jovem entre todos os canários.

Como acontece com outras raças, encontra-se em apuramento, desejando-se atingir o standard que permite atribuir os 93 pontos.

Também como acontece com todas as raças, este é um ideal que poucos exemplares atingem como se prova em cada exposição ou concurso em que a maioria dos pássaros expostos não passa dos 89 pontos.

A busca da perfeição é trabalho dos criadores e é por isso que existem os concursos. Se todos os pássaros fossem perfeitos, não haveria competição.

Felizmente, existem criadores do Arlequim que sabem o que estão a fazer, com total dedicação, mesmo com uma mística que garante o futuro deste belo canário.

De ano para ano, as visitas aos criadores do Canário Arlequim Português tornam-se mais encorajadoras.

Por um lado, aumenta o seu número, por outro as linhas de criação tornam-se mais precisas, há menos aves de segunda classe, o apuramento torna-se mais estreito e segundo as normas estabelecidas.

A crise originada pelo papão da gripe das aves prejudicou a aprovação da nossa raça pela C.O.M. visto que há 2 anos que não se realiza o Campeonato do Mundo.

Tudo se congrega para que o presente ano seja definitivo para a aprovação do Arlequim.

Como é sabido, exige-se que uma raça passe em três anos sucessivos para que seja aprovada em definitivo.

Está a Direcção do Clube a envidar todos os esforços para que a representação do Arlequim na Bélgica constitua a primeira fase, sendo a segunda em Itália e a terceira em Portugal, portanto em 2010, em Campeonatos Mundiais de anos sucessivos.

É grato registar o esforço do seu Presidente, Senhor Mário Costa, que vem desenvolvendo um trabalho notável de orgânica na obtenção de objectivos, com o apoio do Vice-Presidente da C. O.M., Dr. Paulo Maia, do próprio Presidente da Federação Portuguesa de Ornitologia, Eng. Rui Viveiros, e de toda uma equipa de tradicionais criadores e entusiastas, que todos conhecemos mas que aqui não referencio para não correr o risco de omitir nomes que merecem registo. Mas a História lhes dará o mérito.

A apresentação do Arlequim no Campeonato Mundial na Bélgica está a ser preparada com o máximo cuidado.

Para o efeito, são escolhidos e seleccionados exemplares de vários criadores, com características semelhantes de modo a uniformizar a amostra que seguirá para a Bélgica em Janeiro de 2008.

Assim, estarão também presentes em Regea Emilia a fim de os criadores que afluem anualmente a esta exposição entrem em contacto com os belos exemplares de Arlequim que tanto entusiasmam quem tem oportunidade de os observar.

É bom notar que muitos criadores dizem que quando convidam alguém, criador ou não, para visitar as suas instalações de criação, são os Arlequins que chamam a atenção pelo variado da cor, pela vivacidade e pela alegria do conto, deixando no visitante uma nota altamente positiva sobre esta raça.

Toda a orgânica da apresentação internacional do Arlequim resulta de um trabalho meditado e perseguido, não deixando nada ao acaso.

É bom lembrar que, no Campeonato do Mundo realizado na Alemanha, o Arlequim não passou por apenas um ponto o que constituiu, sem dúvida uma vitória.

Além disso, significa que muitos dos Juizes estrangeiros já entenderam que estão perante uma raça belíssima, que dá um ar de frescura e renovação à Canaricultura, que se tornou tão repetitiva, com exposições de filas de canários que aos olhos dos visitantes são iguais.

O Arlequim, para além da sua própria vivacidade, apresenta uma variedade de cores que chama a atenção do visitante.

O Arlequim tem hoje um lugar destacado entre os criadores portugueses de Norte e Sul de Portugal.

Serão estes que, no futuro, e quando a raça for aprovada, depois de ter vencido todas as dificuldades e mesmo a incompreensão e até hostilidade dos seus compatriotas, irão fornecer exemplares a todo o Mundo, mesmo aos tais que não souberam ultrapassar a vaidade pessoal e o despeito por nunca terem dado mais contribuição para a Ornitofilia do que importar e criar repetidamente raças já estabelecidas, esquecendo que, quando está em causa o nome de Portugal, nos devemos juntar, unindo forças em vez de tentar enfraquecer a força dos que têm ânimo e força de vontade, desde a primeira hora.

O historial é bem conhecido, não vale a pena ser repetido mas é bom lembrar que foram horas de inventiva, de esperança, de frustração quando os exemplares não saíam como era pretendido, de alegria e júbilo ao ver a raça exposta pela primeira vez, ao cabo de 10 anos de secreta gestação, timidamente, apenas quatro exemplares suspensos em pequenas gaiolas, num recanto da Exposição, no Jardim Zoológico de Lisboa, a que apenas um Juiz, seja dito, teve coragem de dar o seu nome, que todos conhecemos: Jorge Mano.

Como foi grato saber, depois, que muitos criadores portugueses aderiram e apoiaram o projecto. Quantas alegrias, quantas horas pensando na melhor maneira de seleccionar, outras divulgando as características junto dos criadores, quantas tentativas sem resultado, mas sem desistência perante esses pequenos insucessos.

Como se procurou estabelecer judiciosamente um standard, como se elaboram os primeiros Boletins e distribuíram por todo o País, hoje verdadeiros exemplares históricos da nossa Ornitologia.

Como se organizou o Clube a partir do nada, pelo simples contacto com amigos criadores. Como foi sentido com alegria e amizade (que nunca esquecerei) o companheirismo e a adesão dos criadores apoiantes e, por outro lado, como estão esquecidos os ataques dos menos esclarecidos que nem por ser uma raça portuguesa tiveram uma palavra de apoio, antes procuraram torpedear, com os olhos postos, não no futuro, mas numa visão acanhada e curta das ambições da Ornitologia portuguesa.

Como se defendeu, com unhas e dentes, em Colóquios, reuniões com o Colégio Português de Juizes, como, enfim, tudo se foi realizando, pedra sobre pedra, desenhando um futuro que agora é presente. Como reli, com um júbilo bem português, artigos publicados em revistas estrangeiras e como foi seguida toda a prudência, sem alardes mas também sem falsas modéstias, para que a saída para o estrangeiro só fosse permitida após a fixação mais segura da raça.

Daí a organização do Clube, apertando contra o peito os amigos criadores, os que aderiram sem inveja nem evasivas, com palavras de entusiasmo mas também, no íntimo da minha casa, agradecendo-lhes de modo surdo, apenas em espírito, a sua adesão e encorajamento.

Nunca saberão o quanto lhes agradeci nesses momentos de meditação o isolamento e como continuo a agradecer.

Quem visitar a sede do Clube, à Rua Ferreira Cardoso 85 – Porto, na residência do actual Presidente, pode ver nas paredes quadros ampliados das fotografias obtidas dos primeiros Arlequins, a que me prendem saudades de um tempo tão prometedor e de alegre ansiedade.

Lembro esses primeiros exemplares que já nos deixaram, como se fossem pérolas da minha memória.

Tais fotos, correram Mundo, foram exibidas em revistas e jornais e os protagonistas, os canários que lá figuram permanecerão na minha alma enquanto for vivo. Pertencem a um passado grato e feliz.

A nível internacional, a sua difusão é também cada vez maior, não só no que respeita à criação mas também a artigos de revistas. Esta raça vem resolver algumas questões e interrogações a que a Canaricultura de um modo geral não sabia responder, como se pode ler no artigo que vem a lume na conceituada revista belga Le Monde des Oiseaux.

Com a aprovação da raça, volta-se uma página importante da Ornitocultura portuguesa."

Prof. Dr. Armando Moreno
(Presidente Honorário do C.C.A.P.)

Canário de Forma e Postura


"A divisão das raças de canários em canários de cor, de canto e de forma e postura é puramente artificial.

Não são apenas os chamados canários de canto que cantam, não são apenas os de cor que têm cor e não são apenas os de forma e postura que se comportam de uma dada maneira no poleiro.

Trata-se, por isso, de uma divisão que serve os interesses da Ornitofilia mas está longe de corresponder a bases científicas.

Este fato vai ainda mais longe visto que, dentro dos canários de cor a divisão entre lipocrómicos e melânicos é também artificial e sem base científica: o próprio canário selvagem possui pigmentos melânicos e pigmentos lipocrómicos.

Seja como for, o certo é que, a nível mundial, quem fala em canários de posição e postura é entendido entre os criadores e quem fala em canários de cor ou de canto também.

Isto porque das várias raças de canários de canto exige-se que tenham uma maneira específica de cantar e que os de cor possuam determinadas características.

Deste modo, o canário de forma e postura prevê que a sua forma é específica e que a sua posição no poleiro é também especial.

O problema da forma exige estudos importantes, visto que nada se sabe da relação entre as várias partes do corpo das aves. Na natureza existem aves de pescoço longo e de pescoço curto, como aves de corpo largo e de corpo delgado.

Não acontece o mesmo nas canários, visto que, de um modo geral, as aves de corpo largo possuem cabeça e pescoço largo, enquanto os canários alongados possuem cabeça estreita e pescoço longo.

Deixaremos este tema para outros artigos e centremo-nos no problema das postura.

O modo como o canário se equilibra no poleiro coloca problemas tão profundos que não será possível expô-los num só artigo.

As variáveis são tantas que temos de eliminar algumas para colocarmos o problema de modo adequado.

Por tal motivo, procurei a colaboração de um engenheiro biólogo.

A grande questão é a seguinte: o que faz com que uma ave se coloque mais vertical ou mais horizontal no poleiro?

Todos sabemos que o periquito australiano se mantém quase vertical no poleiro e que o canário do Harz canta quase em posição horizontal.

Como dissemos, muitas variáveis se encontram em conflito: esqueleto, músculos, formato do corpo da ave, entre outros.

Existe ainda um elemento importante a tomar em linha de conta: o hábito ou o treino.

Na verdade, enquanto os criadores de canários de postura mais vertical, como è o caso do Yorkshire treinam as aves colocando cartões em volta da gaiola para que a ave se estique para espreitar para fora, os criadores de canários de Harz colocam cartões no teto da gaiola para a ave se colocar o mais horizontal possível, com a intenção de emitir notas graves, as mais apreciadas.

O estudo da posição dos canários no poleiro passa pela observação de vários fatores e pode ser feita através de algumas vias.

Assim, pode promover-se o estudo através do esqueleto das diferentes raças, observar a posição de outras aves na Natureza ou, mais sofisticado, estudar o modelo no computador.

Para o primeiro estudo montamos esqueletos de Yorkshires e de canários de cor a fim der estudarmos a sua posição no poleiro.

A fim de estabelecermos um programa de computador, promovendo a realização de um modelo biológico, simplificamos, numa primeira abordagem do estudo da posição dos canários, as várias e focalizamos a atenção no esqueleto.

Sabemos que as aves da canela alta têm tendência para a verticalização.

Façamos uma breve revisão anatômica:

O esqueleto do membro inferior do canário e das aves em geral não é constituído como o dos mamíferos. O que parece ser a perna (que aparece desplumada) é ainda parte do pé; os dois primeiros ossos do pé estão fundidos num osso único a que se chama canela.

Assim, nas aves como o canário, existem 3 dedos anteriores e 1 posterior; segue-se a canela, depois a perna, depois a coxa que se articula nos ossos da bacia.

Deste modo, temos a considerar um ângulo entre os dedos e a canela, outro entre a canela e a perna, outro entre a perna e a coxa e, por fim, a articulação entre a coxa e o corpo.

Todo este complexo interfere na posição da ave quer pelos ângulos formados. Quer pelo comprimento dos segmentos.

De todos estes elementos, o que se afigura de estudo mais importante é o comprimento da canela que, como se sabe, varia segundo as raças.

Assim, o modelo que estudamos conta com duas variantes: o comprimento da canela e formato do corpo.

Este estudo, que parece muito teórico, é de grande importância para a afirmação da forma e posição da várias raças de canários e o Arlequim é, sem dúvida, uma ave ideal para este estudo, visto que se deseja que seja uma ave de canela alta e corpo ereto, mais de acordo com os antigos canários criados pelos portugueses.

Esta forma, associada à poupa dá à ave uma sobranceria e vivacidade inigualáveis.

Enquanto são feitos estes estudos, o que podemos aconselhar aos criadores é que selecionem aves de canela alta o que, sem constituir uma garantia de bons exemplares fornece já um elemento importante para a as criações futuras.

A seu tempo, a revista Arlequim fornecerá elementos sobre estas experiências. "

Autor: Prof. Dr. Armando Moreno

Estudo da coloração das aves

"O canário Arlequim Português não é apenas a primeira raça portuguesa de canários.

Além de ser uma ave esbelta, que todos admiram, contém em si surpreendentes dotes que permitem proceder a vários estudos científicos de consequências práticas na criação de todos os canários.

Entre essas características foram seleccionadas três: o estudo da distribuição das cores melânicas nas penas dos serinus, trabalho já executado, o estudo da origem e genética da poupa, que está a ser realizado presentemente e, por último, o estudo da relação de tamanho entre a cabeça e o corpo dos serinus, estudo importante para a obtenção de poupas mais exuberantes.

Destes três estudos, o primeiro está concluído e o segundo, a origem e genética da poupa, encontra-se em realização.

No presente número daremos conta dos resultados obtidos sobre a distribuição das cores melânicas.

O estudo da coloração das aves divide-se em duas grandes áreas:

1 - Distribuição da coloração de cada indivíduo
2 - Transmissão das características dos pais para filhos (Genética)

Por sua vez, a distribuição da coloração tem de atender a duas situações:

1.1 - Distribuição nas penas
1.2 - Distribuição somática, isto é, no corpo da ave.

A distribuição na pena não é a mesma consoante se consideram as remiges (penas grandes das asas), as rectrizes (penas grandes da cauda) ou as tectrizes (penas pequenas do corpo).

Nestas últimas, responsáveis pela coloração do corpo da ave, tem de se considerar três zonas fundamentais:

1 - Zona profunda
2 - Zona superficial
3 - Zona acrescentada

Esta última não existe em todas as aves.

As características destas zonas dependem de fenómenos de natureza química que não cabe aqui desenvolver. Também a visualização das cores depende de factores de origem física, reflexão e refracção da luz que não interessa ao nosso estudo.

A zona profunda é a mais estável e é geneticamente fixa, não ligada ao sexo. Daí que surja clara em todas as aves lipocrómicas e escura em todas as aves melânicas.

Deve referir-se que em certas aves lipocrómicas, surgem manchas escuras que podem atingir apenas a zona profunda, surgindo, por isso, ao levantar as penas claras, um fundo escuro.

A zona superficial varia com a pigmentação e é responsável mais directa pela coloração da ave.

A zona acrescentada só surge em aves diluídas (schimmel) visto que as intensivas não a possuem.

É também uma característica de transmissão genética e, originariamente, no que respeita aos serinus, não ligada ao sexo, determinando o surgimento de duas grandes divisões:

1 - Aves de plumagem intensiva
2 - Aves de plumagem diluída

Mais tarde, com a introdução do hibridismo através do Cardinalito da Venezuela (Spinus cuculatus) fixou-se uma terceira situação: o mosaico.

As características de cada uma destas situações são conhecidas.

O quadro fica assim estabelecido:

1 - Aves de plumagem intensiva
2 - Aves de plumagem diluída
3 - Aves de plumagem mosaico ou dimórficas

Como se sabe, inicialmente só as fêmeas transmitiam a característica mosaico. Mais tarde, passou para os machos, mas a distribuição das manchas ficou sempre ligada ao sexo, embora existam exemplares de grande aproximação de desenho. Mais tarde surge o mosaico novo tipo e por fim mudou-se o nome para dimorfos.

Ainda em relação à distribuição da coloração da pena, deve considerar-se que a existência das duas ou três zonas é de transmissão genética no que refere à zona profunda que, como vimos, é a mais fixa.

O desaparecimento total de pigmentação nesta zona só surge em animais lipocrómicos mas deve ter-se em atenção que a despigmentação total só se verifica nas aves com olhos vermelhos. Na verdade, um canário branco de olhos escuros é entendido pelos hibridologistas como uma ave mesclada visto que apresenta melanina nos olhos.

Daí os criadores de híbridos de pintassilgo que procuram híbridos claros terem de fazer cruzamentos com canárias de olhos vermelhos.

No entanto, deve assinalar-se, que não existem aves sem pigmentos, porque esta situação é incompatível com a vida.

O sangue possui um pigmento, a hemoglobina, indispensável à oxigenação. Por outro lado, certos pigmentos gordos (lipocromos) são pré-vitaminas, isto é dão origem a vitaminas, essenciais à vida, sem as quais os animais superiores não podem viver.

É por isso que, numa fase de desenvolvimento em que não há ainda chegada de pigmentos alimentares, tem de existir uma substância amarela à disposição; é o que se passa no ovo.

Toda a gente sabe que a gema do ovo é amarela; mas porquê? Nunca poderia ser branca sob pena de a ave não se desenvolver por falta de pigmentos.

Como é sabido, a despigmentação da zona superficial da pena foi obtida pela primeira vez por mutação do canário do Harz, resultado de um in breeding apertado, visto que este tipo de criação é o ideal para a selecção do canto.

Sabe-se que o acasalamento de aves sucessivamente mais escuras origina, subitamente, uma despigmentação que originou o Opal.

Embora se aceite que o Ágata resultou de uma primeira diluição pelo mesmo processo, há quem pense, devido à existência do bigode, que foi obtido através de cruzamento com o Canário de Moçambique ( Serinus moçambicus).

A mutação da pigmentação melânica tem impedido a obtenção do canário totalmente negro, que só poderá conseguir-se por hibridação.

Como vimos, a distribuição do mosaico é fixa, isto é, os genes que transmitem esta característica encontram-se situados sempre nos mesmos locais da cadeia genética, sendo diferente no cromossomo X e no cromossomo.

Ora a distribuição do mozaico não afecta só a zona acrescentada da pena, arrastando também a zona superficial lipocrómica que, deste modo, é também uma zona geneticamente fixa.

O mesmo não se passa em relação à distribuição dos genes de fixação melânica que, pela sua constituição química, não são condicionados pela zona acrescentada da pena.

Deste modo, uma ave mesclada apresenta-se ou toda diluída ou toda intensiva, independentemente das zonas do corpo serem pigmentadas ou não.

Como resultado, as zonas de pigmentação melânica não são fixas, nem geneticamente nem fenotipicamente.

O que pode fixar-se, por selecção de criações sucessivas, é o número de manchas pigmentadas e a sua área, mas esta característica nunca é ligada ao sexo.

Como a maioria das características variáveis, também esta pode ser fixada ao cabo de muitos anos de selecção.

É por este motivo que as aves selvagens, como o canário de Moçambique, têm o desenho e distribuição das melaninas em locais determinados do corpo.

A Natureza teve milhões de anos para estabelecer o genótipo.

Daí que a fixação das manchas ou mesmo o seu aparecimento pode surgir pelo cruzamento de um pássaro melânico com um lipocrómico, como sucede frequentemente, aparecendo nas feiras pássaros que parecem da linha do Arlequim.

Só que perdem as suas características numa segunda geração visto que não há alteração genética.

É necessária uma seleção continuada para se fixarem as características melânicas.

Devido às dificuldades de fixar o local da pigmentação melânica é que foi abandonada a criação de aves simétricas.

Ora no Arlequim não é exigida esta característica: é uma ave em que a pigmentação lipocrómica é fixa mas na pigmentação melânica não são exigidos locais fixos; porém tem genes específicos de quantidade e área, que podem ser fixados. Esta é a grande chave da criação do Arlequim.



A labilidade dos genes melânicos faz aparecer, em certas aves claras, zonas escuras, sobretudo na cabeça, por herança genética do cardinalito da Venezuela.

São as melhores aves para reprodução visto que se encontram geneticamente mais próximas do mosaico original.

Por outro lado, foram as características referidas dos pigmentos melânicos que permitiram a criação de mosaicos escuros.

Também surgem aves mosaico com manchas escuras na camada profunda das penas, resultado da heterogeneidade da localização melânica.

Até há algumas décadas, pensava-se que a constituição genética era imutável até que Bárbara Maclintok, prémio Nobel da Medicina, descobriu, estudando a reprodução do milho, que é possível interferir na organização genética, mudando os genes, retirando uns, colocando outros.

A prática confirmou esta grande descoberta, sendo hoje utilizada na cura genética de várias doenças.

No que refere às aves, existem aves assimétricas (Diamantes de Gold, Mandarins, Canários mosaico...) que resultam da combinação anormal dos genes, sendo uma metade do corpo de um sexo (XX) e a outra metade do outro (XY) sexo.

Vale a pena referir, neste estudo, o caso do Canário de Poupa Alemão.

Trata-se, como é sabido, de um canário de porte mas que não admite mistura de lipocrómicos e melânicos, tendo a ave de ser uniforme, sem manchas, o que não acontece com outras raças de porte.

O Arlequim vem desfazer este anacronismo, permitindo a criação de aves variegadas muito belas.

Como vemos, a criação do Arlequim não tem só como finalidade a criação de um raça portuguesa de canários: ele permite alargar os estudos genéticos de um modo que nunca tinha sido conseguido até agora. Senão, vejamos:

O estudo da distribuição das cores melânicas e lipocrómicas só pode ser feito, na sua total complexidade, no Arlequim Português, já que só nesta ave existe a mistura de cores que permitam esse estudo.

Dos estudos que levei a efeito obtive as seguintes conclusões, acerca de deposição de manchas melânicas nos fringilídeos:

1 - As penas claras têm tendência para surgir na cauda
2 - As penas escuras têm tendência para surgir na cabeça
3 - A distribuição no ventre, quando há penas escuras é: alto ventre mais escuro, baixo-ventre mais claro
4 - Tendência às remiges da ponta das asas mais clara e as internas mais escuras.
5 - Existem locais naturalmente ligados à coloração melâmica: os olhos
6 - Existem locais em que surge com maior freqüência a lipocromação: cauda
7 - Existem locais de mistura lipo e melânica: escamas das patas, unhas, bico.
8 - Passando do animal melânico para sucessivamente mais lipocrómicos a evolução é:

Bico: negro passa a claro com traços de lápis, passa a claro

Patas: negro, passa a malhado, passa a clara

Penas: predominância melânica passa a equilibrado, passa a predominância lipocrómica. Nesta modificação a primeira a perder o melânico é a cauda e a última o topo da cabeça. (faz-se exceção ao Lizard que foi selecionado noutro sentido)

9 - A localização melânica e lipo é de localização independente, não interferindo uma com a outra.

Este estudo foi efetuado através da criação do Canário Arlequim Português ao longo de 11 anos, com cruzamento de canários entre si e do seu cruzamento com o Cardinalito da Venezuela, canário de Moçambique, e com o cantor de África.

Observei, ainda, 1. 800 aves, incluído canários e seus híbridos."

Texto: Professor Armando Moreno

Factor Vermelho

"A história do canário vermelho é cheia de episódios e tentativas que remontam há quase um século.

Têm-se notícias que as primeiras experiências datam de 1895.

Porém, temos como pioneiro da canaricultura vermelha o alemão Bruno Materns, com a introdução do Tarim da Venezuela, por volta do ano de 1914.

Ainda fazendo parte do principal grupo temos Dunker, Heniger, Balsen e Dhams.

TEORIAS SOBRE O FATOR VERMELHO

Há duas teorias que explicam a assimilação do fator vermelho: uma química e outra genética.

QUÍMICA

No protoplasma da célula do canário encontram-se certos corpúsculos coloráveis do amarelo ao vermelho.

Esta origem vem desde o canário ancestral.

Porém, o canário não possui o catalisador que possibilita o metabolismo acelerar a reação bioquímica destes corpúsculos.

O catalisador para o vermelho não é o mesmo para o amarelo.

A plumagem sempre foi de lipocromo amarelo, até que ocorreu a mutação que inibiu esta cor no manto, dando origem ao canário branco, mas até hoje não surgiu mutação para o vermelho, embora saibamos que hajam dois pigmentos lipocromicos:

FATOR VERMELHO

Como foi introduzido este catalisador no canário?

Pelo Tarim Vermelho da Venezuela (spinus cuculatos)

O factor para o vermelho é livre e se comporta de forma independente de outros factores.

GENÉTICA

A teoria genética quer demonstrar que o processo de transmissão do factor vermelho para o canário teve origem na propriedade que o Tarim tem de transferir, ao híbrido de primeira geração, um gameta com o gen que contém o factor vermelho, dando origem a um híbrido heterozigoto para o caráter considerado, ou seja, um gameta com o gen para o fator vermelho herdado do Tarim e outro gameta herdado da Canária, sem o factor vermelho.

Na verdade, nem uma nem outra teoria pode ser comprovada na prática, nem a que é baseada exclusivamente nos princípios genéticos e muito menos aquela que atribui à questão um princípio puramente químico.

Há certos fatores que um indivíduo quando o recebe não perde mais, a não ser por um processo de mutação.

Neste caso encontramos os biocatalizadores.

Por este motivo é que a união das duas teorias muito provavelmente deve ocorrer.

O Tarim transmite o catalisador que faz acelerar o processo para colorir a plumagem do canário, em cuja célula já se encontra o pigmento vermelho.

Não fora isto, os canários hoje em dia mais afastados, gerações várias da linha direta do Tarim não teriam mais a capacidade de absorção do carotenóide vermelho que se lhes administram.

Podemos observar ainda, que mesmo uma descendência direta se não ajudamos com substâncias que contenham cantaxantina a progênie carece de uma cor vermelha pronunciada.

Há, nas células dos animais, certas enzimas cuja função é acelerar a reação bioquímica.

Sua ausência impediria esta reação ou esta se processaria de forma extremamente lenta.

A estrutura química das enzimas é de natureza extraordinariamente complexa.

Há certos pássaros que possuem a capacidade de sintetizar os pigmentos, não só vermelhos como também amarelos.

O Tarim é um caso destes.

Há porém uma infinidade deles."

Amadeo Sigismondi Filho
Juiz COM HS-OBJO
Revista AVO Junho 200
Arquivo Editado em 10 Jan 2004

Factor Mosaico

"Os canários domésticos começaram a ser criados pelo homem por volta de 1400.

Desde então as mutações, fenómeno natural que ocorre em todas as espécies animais, foram sendo seleccionadas e multiplicadas com o objectivo de se obter exemplares aos nossos olhos.

Na natureza, os indivíduos mutantes são mantidos à margem de população e considerados como “defeitos genéticos”.

O homem, ao contrário, interessa-se, selecciona e melhora justamente esses indivíduos “defeituosos”.

Na busca de exemplares diferentes, por volta de 1920, um criador alemão, com o objectivo de produzir um canário vermelho, conseguiu introduzir no património genético destes, genes de um pintassilgo selvagem conhecido como Tarim da Venezuela. ( cardinalito ).

Esse pássaro é muito semelhante ao nosso pintassilgo, com a diferença de possuir vermelho vivo nas áreas onde o nosso é amarelo.

Por meio de vários cruzamentos, o homem conseguiu adicionar o factor vermelho ao património genético dos canários, abrindo com isso uma nova gema de combinações de cores, aumentando ainda mais as variedades já existentes.

A maioria dos pássaros, e os pintassilgos não são excepção, possuem uma característica muito interessante, conhecida como dimorfismo sexual, que faz com que os sexos (masculino e feminino) tenham a aparência distinta ou seja, o macho é diferente da fêmea.

Esse dimorfismo pode ser mais ou menos acentuado, dependendo da espécie.

No caso do canário original, o dimorfismo é pouco acentuado (existe uma certa dificuldade em se diferenciar os sexos).

Nos psitacídeos em geral ele é quase inexistente, mas nos pintassilgos, ao contrário, ele é bem marcante, ou seja, a diferenciação entre os sexos é bem visível.

Durante essa tentativa de se criar o canário vermelho, os genes responsáveis pelo diformismo sexual dos pintassilgos, foi inadvertidamente transmitido aos canários.

Inicialmente os criadores não perceberam essa característica e descartavam os exemplares mosaicos, considerandos fora do padrão.

Actualmente essa categoria de canários representa boa parte da nomenclatura de canários de cor em vigência.

As diferenças entre machos e fêmeas são tão grandes que eles são inclusive julgados separadamente.

As principais características de cor dos canários mosaicos são:

Nos machos

maior presença de cor (lipocromo nas seguintes regiões: máscara facial, encontros (ombros), uropígio (região próxima á cauda) e peito.

Nas fêmeas

actuação mais reduzida da cor nas mesmas regiões do macho, sendo que a máscara facial é substituída por um leve traço de cor na altura dos olhos.

Além dessas diferenças em relação à cor; os canários mosaicos apresentam outras características morfológicas que evidenciam a masculinidade ou a feminilidade do exemplar.

Essas características, apesar de presentes em outras variedades, são muito mais pronunciadas nos mosaicos.

Os machos mosaicos possuem peito mais amplo, cabeça maior, pescoço e bico mais forte do que das fêmeas.

Em relação ao tamanho, normalmente os machos são maiores do que as fêmeas, o que nem sempre ocorre nas outras variedades.

Resumindo, nos mosaicos, os machos são mais “masculinos” e as fêmeas mais “femininas” do que nas outras cores.

Todas essas particularidades fazem com que os mosaicos sejam uma categoria diferenciada dentro da canaricultura de cor de competição, o que explica o seu crescente número de adeptos."

Fonte: autor desconhecido

Generalidades - Arlequim


"O canário Arlequim Português é, essencialmente, um canário de desenho, polícromo, vivo, rústico, alegre, que mantém a tradição da variedade de desenho, que existiu sempre nos ancestrais criados pelos passarinheiros.

No caso de vir a ser aprovado pela COM creio que deverá ser incluído numa secção próxima do Lizard, mas a decisão final terá de ser do Clube de Juízes.

As exigências dos concursos e o desejo de dar origem a raças sofisticadas, quer no porte, quer no canto, quer na cor, conduziu ao desaparecimento do canário vivo e alegre que se criava entre os amantes do animal em si e que cativava as pessoas em geral que desejavam apenas ter em sua casa um canário para cantar.

Muitos dos animais altamente classificados dos dias de hoje são pássaros tristes, deformados, diríamos quase estropiados, quando não votados ao enclausuramento em gaiolas minúsculas, vivendo no escuro, o que conduz ao canto dito suave que, na verdade, mais parece um canto triste.

Em reacção a esta situação, os criadores espanhóis seleccionaram o Timbrado, de canto vibrante, mas não atenderam, neste canário, à plumagem.

É curioso observar como algumas raças de canários deixam transparecer de modo significativo o carácter das populações que os criaram: O Frizado Parisiense parece conter em si uma bailarina de Can-Can.

Por sua vez o Yorkshire representa a distinção do lord inglês.

Ao alemão assemelha-se o canário do Harz, resultado de uma disciplina rigorosa, assumida em escolas alinhadas, como os elementos de um exército.

O Timbrado reflecte o folclore espanhol, com as suas castanholas.

Em Portugal, mercê das características da população, rústica, avessa a racismos e, ao contrário, mais dada a fusão das raças, criou-se um canário de cores múltiplas, vivo, alegre.

É o Canário Arlequim Português.

Deve notar-se que esta raça permite uma variedade de desenhos que tornam a sua criação fascinante pelo imprevisto e impede a monotonia que outras raças de cor imprimem às exposições onde são apresentadas centenas de aves todas iguais, com pequenas diferenças, só reconhecíveis por especialistas."

Fonte: Professor Dr. Armando Moreno

A Cor dos Canários

Campeão na 1ª Exposição Portas do Minho e 4ª CCAP 2009 com 93 Pontos - ave nossa


Aspectos do Estudo da coloração das Aves através do Canário Arlequim Português

"O canário Arlequim Português não é apenas a primeira raça portuguesa de canários.

Além de ser uma ave esbelta, que todos admiram, contém em si surpreendentes dotes que permitem proceder a vários estudos científicos de conseqüências práticas na criação de todos os canários.

Entre essas características foram selecionadas três: o estudo da distribuição das cores melânicas nas penas dos serinus, trabalho já executado, o estudo da origem e genética da poupa, que está a ser realizado presentemente e, por último, o estudo da relação de tamanho entre a cabeça e o corpo dos serinus, estudo importante para a obtenção de poupas mais exuberantes.

Destes três estudos, o primeiro está concluído e o segundo, a origem e genética da poupa, encontra-se em realização.

No presente número daremos conta dos resultados obtidos sobre a distribuição das cores melânicas.

O estudo da coloração das aves divide-se em duas grandes áreas:

1 - Distribuição da coloração de cada indivíduo

2 - Transmissão das características da pais para filhos (Genética)

Por sua vez, a distribuição da coloração tem de atender a duas situações:

1.1 - Distribuição nas penas

1.2 - Distribuição somática, isto é, no corpo da ave.

A distribuição na pena não é a mesma consoante se consideram as remiges (penas grandes das asas), as rectrizes (penas grandes da cauda) ou as tectrizes (penas pequenas do corpo).

Nestas últimas, responsáveis pela coloração do corpo da ave, tem de se considerar três zonas fundamentais:

1 - Zona profunda

2 - Zona superficial

3 - Zona acrescentada

Esta última não existe em todas as aves.

As características destas zonas dependem de fenómenos de natureza química que não cabe aqui desenvolver.

Também a visualização das cores depende de factores de origem física, reflexão e refracção da luz que não interessa ao nosso estudo.

A zona profunda é a mais estável e é geneticamente fixa, não ligada ao sexo.

Daí que surja clara em todas as aves lipocrómicas e escura em todas as aves melânicas.

Deve referir-se que em certas aves lipocrómicas, surgem manchas escuras que podem atingir apenas a zona profunda, surgindo, por isso, ao levantar as penas claras, um fundo escuro.

A zona superficial varia com a pigmentação e é responsável mais directa pela coloração da ave.

A zona acrescentada só surge em aves diluídas (schimmel) visto que as intensivas não a possuem.

É também uma característica de transmissão genética e, originariamente, no que respeita aos serinus, não ligada ao sexo, determinando o surgimento de duas grandes divisões:

1 - Aves de plumagem intensiva

2 - Aves de plumagem diluída


Mais tarde, com a introdução do hibridismo através do Cardinalito da Venezuela (Spinus cuculatus) fixou-se uma terceira situação: o mosaico.

As características de cada uma destas situações são conhecidas.

O quadro fica assim estabelecido:

1 - Aves de plumagem intensiva

2 - Aves de plumagem diluída

3 - Aves de plumagem mosaico ou dimórficas

Como se sabe, inicialmente só as fêmeas transmitiam a característica mosaico.

Mais tarde, passou para os machos, mas a distribuição das manchas ficou sempre ligada ao sexo, embora existam exemplares de grande aproximação de desenho.

Mais tarde surge o mosaico novo tipo e por fim mudou-se o nome para dimorfos.

Ainda em relação à distribuição da coloração da pena, deve considerar-se que a existência das duas ou três zonas é de transmissão genética no que refere à zona profunda que, como vimos, é a mais fixa.

O desaparecimento total de pigmentação nesta zona só surge em animais lipocrómicos mas deve ter-se em atenção que a despigmentação total só se verifica nas aves com olhos vermelhos.

Na verdade, um canário branco de olhos escuros é entendido pelos hibridologistas como uma ave mesclada visto que apresenta melanina nos olhos.

Daí os criadores de híbridos de pintassilgo que procuram híbridos claros terem de fazer cruzamentos com canárias de olhos vermelhos.

No entanto, deve assinalar-se, que não existem aves sem pigmentos, porque esta situação é incompatível com a vida.

O sangue possui um pigmento, a hemoglobina, indispensável à oxigenação.

Por outro lado, certos pigmentos gordos (lipocromos) são pré-vitaminas, isto é dão origem a vitaminas, essenciais à vida, sem as quais os animais superiores não podem viver.

É por isso que, numa fase de desenvolvimento em que não há ainda chegada de pigmentos alimentares, tem de existir uma substância amarela à disposição; é o que se passa no ovo.

Toda a gente sabe que a gema do ovo é amarela; mas porquê?

Nunca poderia ser branca sob pena de a ave não se desenvolver por falta de pigmentos.

Como é sabido, a despigmentação da zona superficial da pena foi obtida pela primeira vez por mutação do canário do Harz, resultado de um in breeding apertado, visto que este tipo de criação é o ideal para a selecção do canto.

Sabe-se que o acasalamento de aves sucessivamente mais escuras origina, subitamente, uma despigmentação que originou o Opal.

Embora se aceite que o Ágata resultou de uma primeira diluição pelo mesmo processo, há quem pense, devido à existência do bigode, que foi obtido através de cruzamento com o Canário de Moçambique ( Serinus moçambicus).

A mutação da pigmentação melânica tem impedido a obtenção do canário totalmente negro, que só poderá conseguir-se por hibridação.

Como vimos, a distribuição do mosaico é fixa, isto é, os genes que transmitem esta característica encontram-se situados sempre nos mesmos locais da cadeia genética, sendo diferente no cromossomo X e no cromossomo.

Ora a distribuição do mozaico não afecta só a zona acrescentada da pena, arrastando também a zona superficial lipocrómica que, deste modo, é também uma zona geneticamente fixa.

O mesmo não se passa em relação à distribuição dos genes de fixação melânica que, pela sua constituição química, não são condicionados pela zona acrescentada da pena.

Deste modo, uma ave mesclada apresenta-se ou toda diluída ou toda intensiva, independentemente das zonas do corpo serem pigmentadas ou não.

Como resultado, as zonas de pigmentação melânica não são fixas, nem geneticamente nem fenotipicamente.

O que pode fixar-se, por seleção de criações sucessivas, é o número de manchas pigmentadas e a sua área, mas esta característica nunca é ligada ao sexo.

Como a maioria das características variáveis, também esta pode ser fixada ao cabo de muitos anos de seleção.

É por este motivo que as aves selvagens, como o canário de Moçambique, têm o desenho e distribuição das melaninas em locais determinados do corpo.

A Natureza teve milhões de anos para estabelecer o genótipo.

Daí que a fixação das manchas ou mesmo o seu aparecimento pode surgir pelo cruzamento de um pássaro melânico com um lipocrómico, como sucede freqüentemente, aparecendo nas feiras pássaros que parecem da linha do Arlequim.

Só que perdem as suas características numa segunda geração visto que não há alteração genética.

É necessária uma seleção continuada para se fixarem as características melânicas.

Devido às dificuldades de fixar o local da pigmentação melânica é que foi abandonada a criação de aves simétricas.

Ora no Arlequim não é exigida esta característica: é uma ave em que a pigmentação lipocrómica é fixa mas na pigmentação melânica não são exigidos locais fixos; porém tem genes específicos de quantidade e área, que podem ser fixadas.

Esta é a grande chave da criação do Arlequim.

A labilidade dos genes melânicos faz aparecer, em certas aves claras, zonas escuras, sobretudo na cabeça, por herança genética do cardinalito da Venezuela.

São as melhores aves para reprodução visto que se encontram geneticamente mais próximas do mosaico original.

Por outro lado, foram as características referidas dos pigmentos melânicos que permitiram a criação de mosaicos escuros.

Também surgem aves mosaico com manchas escuras na camada profunda das penas, resultado da heterogeneidade da localização melânica.

Até há algumas décadas, pensava-se que a constituição genética era imutável até que Bárbara Maclintok, prémio Nobel da Medicina, descobriu, estudando a reprodução do milho, que é possível interferir na organização genética, mudando os genes, retirando uns, colocando outros.

A prática confirmou esta grande descoberta, sendo hoje utilizada na cura genética de várias doenças.

No que refere às aves, existem aves assimétricas (Diamantes de Gold, Mandarins, Canários mosaico...) que resultam da combinação anormal dos genes, sendo uma metade do corpo de um sexo (XX) e a outra metade do outro (XY) sexo.

Vale a pena referir, neste estudo, o caso do Canário de Poupa Alemão.

Trata-se, como é sabido, de um canário de porte mas que não admite mistura de lipocrómicos e melânicos, tendo a ave de ser uniforme, sem manchas, o que não acontece com outras raças de porte.

O Arlequim vem desfazer este anacronismo, permitindo a criação de aves variegadas muito belas.

Como vemos, a criação do Arlequim não tem só como finalidade a criação de um raça portuguesa de canários:

ele permite alargar os estudos genéticos de um modo que nunca tinha sido conseguido até agora.

Senão, vejamos:

O estudo da distribuição das cores melânicas e lipocrómicas só pode ser feito, na sua total complexidade, no Arlequim Português, já que só nesta ave existe a mistura de cores que permitam esse estudo.

Dos estudos que levei a efeito obtive as seguintes conclusões, acerca de deposição de manchas melânicas nos fringilídeos:

1 - As penas claras têm tendência para surgir na cauda

2 - As penas escuras têm tendência para surgir na cabeça

3 - A distribuição no ventre, quando há penas escuras é: alto ventre mais escuro, baixo ventre mais claro

4 - Tendência às remiges da ponta das asas mais clara e as internas mais escuras.

5 - Existem locais naturalmente ligados à coloração melâmica: os olhos

6 - Existem locais em que surge com maior freqüência a lipocromação: cauda

7 - Existem locais de mistura lipo e melânica: escamas das patas, unhas, bico.

8 - Passando do animal melânico para sucessivamente mais lipocrómicos a evolução é:

Bico: negro passa a claro com traços de lápis, passa a claro

Patas: negro, passa a malhado, passa a clara

Penas: predominância melânica passa a equilibrado, passa a predominância lipocrómica.

Nesta modificação a primeira a perder o melânico é a cauda e a última o topo da cabeça. (faz-se exceção ao Lizard que foi selecionado noutro sentido)

9 - A localização melânica e lipo é de localização independente, não interferindo uma com a outra.

Este estudo foi efetuado através da criação do Canário

Arlequim Português ao longo de 11 anos, com cruzamento de canários entre si e do seu cruzamento com o Cardinalito da Venezuela, canário de Moçambique, e com o cantor de África.

Observei, ainda, 1. 800 aves, incluído canários e seus híbridos.

No próximo número serão expostos os princípios teóricos dos estudos que estamos a levar sobre a origem e genética da poupa, através de cruzamentos de que já obtive os primeiros exemplares.

Aspectos do estudo da Origem e Genética da Poupa das aves através do Canário Arlequim Português

Conforme prometemos no N.º 3 da revista O Arlequim, vamos proceder neste artigo ao estudo dos fenómenos relacionados com a poupa.

Tendo sido aprovado o canário Arlequim pela Comissão

Técnica de Canários de Porte do Colégio Português de Juizes de Ornitologia, presta-se esta ave ao estudo genético e propedêutico desse fenómeno mutante a que chamamos poupa.

Encontra-se envolvido em mistérios e em mitos, nomeadamente em relação ao factor letal.

Entre muitas outras questões que o fenómeno levanta surge a pergunta: porquê a poupa é um factor letal e o frizado não?

Algumas considerações

O primeiro facto que nos chamou a atenção foi o facto de não existir na Natureza nenhuma poupa com as características das poupas dos canários que, como é sabido, desenvolvem-se a partir de um ponto central ou de um risco, donde partem centrifugamente.

A este dado soma-se outro não menos espectacular: as poupas das aves cultivadas pelo Homem são todas deste tipo: canários, bengalins, mandarins e periquitos ondulados possuem poupas de formato atrás referido.

Poderemos dizer que existem ligeiras alterações, como é o caso do antigo Lancashire, mas as fugas são de pouca monta em relação a nosso estudo.

Destes dois elementos surgem algumas importantes dúvidas: o que vem a ser a poupa dos canários?

Do ponto de vista morfológico é fácil responder à questão e todos sabemos como ela pode apresentar-se.

Os criadores entendem que, se não for regular, como acima descrito, é defeituosa.

Dizem defeituosa porque não obedece aos cânones estabelecidos.

Do ponto de vista microscópico e histológico é constituída por um redemoinho de penas que emergem obliquamente em relação à superfície da pena o que, aliás, ocorre também no cabelo humano:

os cabelos lisos emergem perpendicularmente à superfície do couro cabeludo e os ondulados ou as carapinhas emergem obliquamente.

Mas o que faz surgir esta alteração da direcção das penas?

Eis a questão.

Trata-se apenas de uma variedade, ou de uma anomalia, ou de uma doença?

Está largamente divulgado o efeito letal do gene poupa.

Interessa, num estudo sério, partir de todas as dúvidas.

A maioria dos livros aceitam a tradição de que acasalando poupa com poupa manifesta-se o efeito letal.

Mas muitos escritores confessam que não têm experiência pessoal e muitos criadores dizem o mesmo.

Aceitam, porque é tradicional.

Álvaro Rebelo refere que há vários anos acasalou dois Gloster corona porque não dispunha de momento de uma ave consorte para acasalar.

Nasceram aves de poupa irregular.

Também um criador de Setúbal, refere que acasalou bengalins de poupa com bengalins de poupa com bons resultados.

Diz-se que o Lancashire inicial desapareceu por causa da poupa, pondo de parte a dificuldade da sua ciração e fraqueza devido ao grande porte e mesmo aos factores das duas Grande Guerras que, como é sabido, quase faziam desaparecer o Lizard.

A poupa é tida como culpada de tudo.

Decidi, por isso, iniciar uma pesquisa a partir do zero, acasalando aves de poupa com aves de poupa:

canários, bengalins, mandarins e periquitos ondulados.

O que é mais estranho é que o mesmo efeito, resultado do redemoinho da origem das penas, só é tido como letal na poupa porque em relação ao frizado, que tem origem semelhante, não é entendido como letal.

Entretanto estudei algumas hipóteses teóricas devido ao facto de dispor de uma canária que, acasalada com vários machos sem poupa, só me deu filhos com poupa.

A partir das leis de Mendel, e pondo de lado os casos que não dizem respeito ao que nos interessa, vejamos as hipóteses:

Partimos da hipótese de aves com factor dominante, sem factor letal. Como é sabido, as aves com fenotipo X podem resultar:

1 - de dois progenitores X (homozigóticos)

2 - de um progenitor X (dominante) e um progenitor Y (recessivo) (heterozigóticos)

Temos, portanto, que uma ave de fenotipo X pode resultar do acasalamento de homozigóticos (caso 1) ou do acasalamento de aves heterozigóticas (caso 2)

No caso de existir um factor letal:

É geralmente aceite que do acasalamento de duas aves com factor letal resulta:

25% de aves inviáveis (A)

50% de aves com fenótipo dominante mas heterozigóticas (B)

25% de aves com fenótipo recessivo (C )

A partir destes conhecimentos podemos trabalhar quer com as aves de fenótipo dominante quer com as aves de fenótipo recessivo.

Assim:

Acasalando B com B, obtemos o mesmo esquema já referido, de onde se seleccionam apenas as aves B.

Só que este acasalamento é diferente do primeiro porque resulta de aves B com B.

Repetindo com os filhos e assim sucessivamente, vamos tornando o fenótipo cada vez mais aproximado do ponto de vista genotípico.

Acasalando C com C só podemos obter aves C.

No caso que nos interessa, isto é, o estudo das poupas, estamos a proceder, em 1999, ao acasalamento de aves poupa com poupa pela primeira geração (canários, bengalins e mandarins).

Dos nascidos, acasalaremos sempre, em futuras gerações, poupa com poupa e sem poupa com sem poupa.

Terminada a época de criação de canários podemos afirmar o seguinte:

De um casal A de canários obtivemos duas criações com o seguinte resultado:

1ª criação – 5 ovos todos cheios de que nasceram 5 aves, 3 com poupa e 2 sem poupa.

2ª criação – 5 ovos todos cheios de que nasceram 5 aves, 3 com poupa e 2 sem poupa.

Desta experiência, que foi iniciada já tarde em relação às criações deste ano, concluímos que todos os pássaros são viáveis e sem deformidades.

Entretanto aguardamos os resultados entre os bengalins e os mandarins e prosseguiremos com as experiências com os canários no próximo ano.

O Arlequim – Canário de Forma e Postura

A divisão das raças de canários em canários de cor, de canto e de forma e postura é puramente artificial.

Não são apenas os chamados canários de canto que cantam, não são apenas os de cor que têm cor e não são apenas os de forma e postura que se comportam de uma dada maneira no poleiro.

Trata-se, por isso, de uma divisão que serve os interesses da Ornitofilia mas está longe de corresponder a bases científicas.

Este fato vai ainda mais longe visto que, dentro dos canários de cor a divisão entre lipocrómicos e melânicos é também artificial e sem base científica: o próprio canário selvagem possui pigmentos melânicos e pigmentos lipocrómicos.

Seja como for, o certo é que, a nível mundial, quem fala em canários de posição e postura é entendido entre os criadores e quem fala em canários de cor ou de canto também.

Isto porque das várias raças de canários de canto exige-se que tenham uma maneira específica de cantar e que os de cor possuam determinadas características.

Deste modo, o canário de forma e postura prevê que a sua forma é específica e que a sua posição no poleiro é também especial.

O problema da forma exige estudos importantes, visto que nada se sabe da relação entre as várias partes do corpo das aves.

Na natureza existem aves de pescoço longo e de pescoço curto, como aves de corpo largo e de corpo delgado.

Não acontece o mesmo nas canários, visto que, de um modo geral, as aves de corpo largo possuem cabeça e pescoço largo, enquanto os canários alongados possuem cabeça estreita e pescoço longo.

Deixaremos este tema para outros artigos e centremo-nos no problema das postura.

O modo como o canário se equilibra no poleiro coloca problemas tão profundos que não será possível expô-los num só artigo.

As variáveis são tantas que temos de eliminar algumas para colocarmos o problema de modo adequado.

Por tal motivo, procurei a colaboração de um engenheiro biólogo.

A grande questão é a seguinte:

o que faz com que uma ave se coloque mais vertical ou mais horizontal no poleiro?

Todos sabemos que o periquito australiano se mantém quase vertical no poleiro e que o canário do Harz canta quase em posição horizontal.

Como dissemos, muitas variáveis se encontram em conflito:

esqueleto, músculos, formato do corpo da ave, entre outros.

Existe ainda um elemento importante a tomar em linha de conta: o hábito ou o treino.

Na verdade, enquanto os criadores de canários de postura mais vertical, como è o caso do Yorkshire treinam as aves colocando cartões em volta da gaiola para que a ave se estique para espreitar para fora, os criadores de canários de Harz colocam cartões no teto da gaiola para a ave se colocar o mais horizontal possível, com a intenção de emitir notas graves, as mais apreciadas.

O estudo da posição dos canários no poleiro passa pela observação de vários fatores e pode ser feita através de algumas vias.

Assim, pode promover-se o estudo através do esqueleto das diferentes raças, observar a posição de outras aves na Natureza ou, mais sofisticado, estudar o modelo no computador.

Para o primeiro estudo montamos esqueletos de Yorkshires e de canários de cor a fim der estudarmos a sua posição no poleiro.

A fim de estabelecermos um programa de computador, promovendo a realização de um modelo biológico, simplificamos, numa primeira abordagem do estudo da posição dos canários, as várias e focalizamos a atenção no esqueleto.

Sabemos que as aves da canela alta têm tendência para a verticalização.

Façamos uma breve revisão anatômica:

O esqueleto do membro inferior do canário e das aves em geral não é constituído como o dos mamíferos.

O que parece ser a perna (que aparece desplumada) é ainda parte do pé; os dois primeiros ossos do pé estão fundidos num osso único a que se chama canela.

Assim, nas aves como o canário, existem 3 dedos anteriores e 1 posterior; segue-se a canela, depois a perna, depois a coxa que se articula nos ossos da bacia.

Deste modo, temos a considerar um ângulo entre os dedos e a canela, outro entre a canela e a perna, outro entre a perna e a coxa e, por fim, a articulação entre a coxa e o corpo.

Todo este complexo interfere na posição da ave quer pelos ângulos formados.

Quer pelo comprimento dos segmentos.

De todos estes elementos, o que se afigura de estudo mais importante é o comprimento da canela que, como se sabe, varia segundo as raças.

Assim, o modelo que estudamos conta com duas variantes: o comprimento da canela e formato do corpo.

Este estudo, que parece muito teórico, é de grande importância para a afirmação da forma e posição da várias raças de canários e o Arlequim é, sem dúvida, uma ave ideal para este estudo, visto que se deseja que seja uma ave de canela alta e corpo ereto, mais de acordo com os antigos canários criados pelos portugueses.

Esta forma, associada à poupa dá à ave uma sobranceria e vivacidade inigualáveis.

Enquanto são feitos estes estudos, o que podemos aconselhar aos criadores é que selecionem aves de canela alta o que, sem constituir uma garantia de bons exemplares fornece já um elemento importante para a as criações futuras.

A seu tempo, a revista Arlequim fornecerá elementos sobre estas experiências."

Autor: Prof. Dr. Armando Moreno

Diferente de todos os Outros

Campeão na Exposição do COA - Antuã 2009 com 90 Pontos - ave nossa

"Oriundas das ilhas Canárias, da Madeira e dos Açores, as várias espécies de canário estão disseminadas em todo o mundo, sendo bastante comuns entre nós, já desde há muitos séculos.

Porém, a história do Canário Arlequim Português, a única raça 100% nacional, é relativamente recente.

O padrão da raça foi desenvolvido de forma mais sistemática após a década de 80 e no que respeita ao reconhecimento oficial, a sua homologação aconteceu em Portugal apenas em 2000, já no século XXI.

A Cores

Quando se pensa em canários, duas cores saltam à memória: o amarelo e o cor-de-laranja.

Para conhecer o Arlequim Português há que esquecer tudo o que genericamente é tido como certo acerca de canários. Falamos de uma ave muito especial, de tipo rústico, corpo longo e esguio, de cabeça estreita.

Estes canários, inicialmente combinavam o amarelo com o verde ou o branco com o cinzento, mas, mais recentemente, já contemplam o bronze, o laranja, o amarelo e o castanho, este último na zona do dorso.

Da soma destas partes fica a imagem de um canário esbelto e muito alegre, o que é indiscutível ao observar-se a vivacidade da sua expressão e ao ouvir-se o seu canto, ou não fosse ele uma ave canora.

Poupa

Peculiar, original e único.

Assim é um dos traços do Canário Arlequim Português que não escapa nem à primeira vista: a sua poupa no topo da cabeça.

Trata-se de um fenómeno mutante que se tornou comum e o qual se pretendeu fixar como um dos factores distintivos do Arlequim.

O seu preço varia consoante apresenta mais ou menos traços do padrão da raça, podendo, por isso, ir dos dois aos três dígitos.

Apesar de jovem a raça cativou inúmeros adeptos, mas mesmo quem não é fã não fica indiferente a este canário coroado."

A fonte: Revista "INSTINTO"

CAMPEÃO NACIONAL de Arlequim Português

Telm: 968 094 048 / e-mail: goncaloferreira.canarios@gmail.com


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